Elke Maravilha tem ativismo identitário investigado em livro que vai bem além das perucas, saltos e batons da artista

Capa do livro ‘Elke Maravilha – Além das perucas, saltos e batons’, de Ton Garcia Ilustração de Quihoma Isaac ♫ OPINIÃO SOBRE LIVRO Título: Elke Ma...

Elke Maravilha tem ativismo identitário investigado em livro que vai bem além das perucas, saltos e batons da artista
Elke Maravilha tem ativismo identitário investigado em livro que vai bem além das perucas, saltos e batons da artista (Foto: Reprodução)

Capa do livro ‘Elke Maravilha – Além das perucas, saltos e batons’, de Ton Garcia Ilustração de Quihoma Isaac ♫ OPINIÃO SOBRE LIVRO Título: Elke Maravilha – Além das perucas, saltos e batons Autor: Ton Garcia Cotação: ★ ★ ★ ♪ Também apresentadora e cantora, embora a imagem cristalizada no imaginário nacional seja a jurada de visual extravagante de programas de calouros, a russa Elke Georgievna Grunnupp (22 de fevereiro de 1945 – 16 de agosto de 2016) ficou imortalizada pelo nome artístico de Elke Maravilha. Mulher empoderada antes de o adjetivo entrar no dicionário e nas pautas identitárias, Elke viveu desde os seis anos no Brasil, tendo sido criada na cidade mineira de Itabira de Mato Dentro (MG). Gravou o primeiro disco em 1972, mas ficou famosa ao avaliar com carinho o canto dos calouros dos programas de comunicadores como Chacrinha (1917 – 1988) e Silvio Santos (1930 – 2024). A imagem esfuziante foi alimentada pela própria artista multimídia, mas o recém-lançado livro Elke Maravilha – Além das perucas, saltos e batons, de Ton Garcia, mineiro que vem atuando na preservação da memória e do acervo da artista, retrata Elke sem a máscara cênica. O título justifica o livro, lançado pela editora Quixote + Do – com capa que expõe Elke em ilustração de Quihoma Isaac – e fruto de pesquisa feita por Garcia em curso de pós-graduação. Com linguagem acadêmica, o trabalho investiga a identidade e a militância de Elke, sobretudo na década de 1970, período em que o Brasil viveu sob a ação de regime ditatorial instaurado em 1964. Embora com passagens narradas em primeira pessoa pelo autor, o livro dá voz à própria Elke através de depoimentos inéditos ou extraídos da mídia. Elke, por exemplo, conta detalhes da prisão a que foi submetida em fevereiro de 1972 por, indignada, ter rasgado cartaz em aeroporto em que a ditadura apontava o engajado estudante Stuart Angel (1946 – 1971) como terrorista. Elke ficou seis dias presa e se fingiu de louca para não ser torturada. Saiu da prisão somente porque Zuzu Angel (1921 – 1976), mãe de Stuart, soube do ocorrido e acionou contato que tirou Elke de trás das grandes no dia em que a artista começaria a ser alvo de tortura. O livro Elke Maravilha – Além das perucas, saltos e batons se desvia inteiramente do formato biográfico. As eventuais informações sobre a vida e obra da artista são dadas a serviço da compreensão da narrativa acadêmica, com o objetivo de documentar o posicionamento de Elke a respeito de questões identitárias de gênero e etnia. Em essência, o livro ecoa a voz sempre levantada pela ativista Elke Maravilha contra toda forma de opressão. Elke Maravilha (1945 – 2016) foi cantora, atriz e apresentadora, mas ficou na história como jurada de programa de calouros Ilustração de Quihoma Isaac

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